7 de fev. de 2010

EXTRAIDO DO LIVRO CONFISSÕES (AGOSTINHO)


Senti e experimentei não ser para admirar que o pão, tão saboroso ao paladar saudável, seja
enjoativo ao paladar enfermo, e que a luz, amável aos olhos límpidos, seja odiosa aos olhos doentes.


Criastes-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós.

Cantando as perfeições de Deus

Que sois, portanto, meu Deus? Que sois Vós, pergunto, senão o Senhor Deus?
"E que outro Senhor há além do Senhor, ou que outro Deus além do nosso Deus?" Ó Deus tão alto, tão excelente, tão poderoso, tão onipotente, tão misericordioso e tão justo,tão oculto e tão presente, tão formoso e tão forte, estável e incompreensível, imutável e tudo mudando, nunca novo e nunca antigo, inovando tudo e cavando a ruína dos soberbos, sem que eles o advirtam; sempre em ação e sempre em repouso; granjeando sem precisão; conduzindo, enchendo e protegendo, criando, nutrindo e aperfeiçoando,buscando, ainda que nada Vos falte.
Amais sem paixão; ardeis em zelos sem desassossego; arrependeis-Vos sem ato doloroso; irais-Vos e estais calmo; mudais as obras, mas não mudais de resolução; recebeis o que encontrais, sem nunca o ter perdido.
Nunca estais pobre e alegrais-Vos com os lucros; jamais avaro, e exigis com usura.
Damo-Vos mais do que pedis, para que sejais nosso devedor; mas quem é que possui coisa alguma que não seja vossa? Pagais as dívidas, a ninguém devendo, e perdoais as dívidas, sem nada perder. Que dizemos nós, meu Deus, minha vida, minha santa delícia,ou que diz alguém quando fala de Vós?... Mas ai dos que se calam acerca de Vós, porque, embora falem muito, serão mudos !

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